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Universidade Invisível em Cerveira para abordar ‘Isto é Arte?’

2017/01/31

As Comédias do Minho apresentam a Universidade Invisível, uma das novidades da programação 2017 que pretende tornar mais visível a presença das Comédias do Minho nos cinco municípios do Vale do Minho: Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira, e construir diferentes formas de chegar às pessoas. Este projeto irá decorrer ao longo do ano, num município de cada vez, durante um fim-de-semana, com formações teóricas, espetáculos, concertos, filmes, conversas e uma feira do livro temática.

O primeiro módulo da Universidade Invisível decorre, já esta semana, nos dias 3 e 4 de Fevereiro, no município de Vila Nova de Cerveira. A formação está sujeita a uma inscrição prévia (formulário disponível em www.comediasdominho.pt), e decorre sexta-feira das 21h00 às 23h00 e no sábado das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 16h30.

A formação teórica organiza-se em sessões temáticas em torno de vários géneros artísticos: artes visuais, teatro, dança, música, cinema e performance. As sessões, orientadas por diferentes formadores, têm em comum uma abordagem que parte da contemporaneidade, e da frequente estranheza que as obras de arte do nosso tempo provocam, para uma viagem no tempo que ajude a perceber melhor os caminhos percorridos pelas práticas artísticas. Este é também um lugar onde se deseja que a conversa aconteça e se pense em conjunto.

Em Vila Nova de Cerveira a formação prima por um encontro com a obra de arte. ‘Isto é arte?’ Esta sessão desenvolve-se sobretudo em torno de dois temas estruturantes: o encontro com a obra de arte e um dos comentários mais frequentes perante a arte contemporânea – Isto é arte?! Aqui defendemos que a relação com a obra de arte é individual e singular e que o encontro se situa entre: cada um pode, desde que disponível, e a dificuldade, a persistência, e o esforço exigidos para que esse encontro se dê, em alguns momentos, de uma forma eventualmente mais plena, mais intensa, mais transformadora. Tomamos também a frequente estranheza perante as obras de arte mais recentes e tentamos perceber os motivos da indignação através de viagens no tempo.

Para sábado, 4 de fevereiro estão agendados espetáculos de teatro, nomeadamente:

  • Utopia, 15h00 no Cineteatro Cerveira

A utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho 10 passos, ela afasta-se 10 passos. Quanto mais a procurar, menos a encontrarei, porque ela vai-se afastando à medida que eu me aproximo. Boa pergunta, não? Para que serve? Pois, a utopia serve para isso: para caminhar.
Eduardo Galeano, citando Fernando Birri
Qual é a tua ideia de mundo ideal? Que poder e que responsabilidade seriam os teus, num lugar novo feito à medida do teu pensamento? Sonho, fantasia ou esperança, utopia significa sempre uma transformação. Transformemos, então. E transformemo-nos. Este espetáculo é inspirado dramaturgicamente na obra Utopia, de Thomas More, assim como em desabafos e divagações de jovens com idades entre os 10 e os 15 anos. Quem for utópico, ponha o dedo no ar! Quem não for, que atire a primeira pedra…

Público-alvo: a partir dos 10 anos

  • Modos de Ver de John Berger, 17h00 na Biblioteca Municipal de Cerveira

Modos de Ver foi uma série de televisão, criada em 1972, por John Berger e Mike Dibb para a BBC, e deu origem a um livro com o mesmo nome.
Cada pessoa vê a partir do seu lugar. Esse lugar é determinado histórica, ideológica, psicológica e culturalmente e influencia a nossa interpretação. Nas palavras de John Berger, “A maneira como vemos as coisas é afetada pelo que sabemos ou pelo que acreditamos”.
+ Conversas de Porta Aberta
De portas abertas a todos os que queiram juntar-se, assistimos a um filme, ou documentário, relacionado com o tema da formação Que arte é esta? Pequenas histórias… (artes visuais, teatro, dança…) e conversamos sobre o que vimos e sobre o que pensamos sobre o tema. As únicas condições de acesso são: o gosto por ver filmes e a vontade de conversar…

  • Philatélie, 21h30 no Cineteatro Cerveira

Os selos tornaram-se matéria arqueológica. Foram remetidos para aquilo a que se chama arquivo. Se, por um lado, a sua (iminente) extinção é compreensível – porque a comunicação se desmaterializou –, por outro esses pequenos pedaços de papel parecem ter tudo a ver com as imagens de síntese, destinadas a apreensão rápida, comuns na nossa vulgar “cultura visual”.
Em Philatélie, os selos são resgatados e livremente reutilizados. Primeiro, figuras que fazem parte da nossa cultura são observadas com distanciamento, como se não soubéssemos nada sobre elas e tivéssemos de percebê-las apenas a partir da sua representação. Depois, os selos são combinados para contar histórias nas quais se reinventa o mundo e a geopolítica: Lady Di casa com Saddam Hussein; líderes islâmicos entram na série Dallas; uma feminista pede contas a Henrique VIII; os recursos do “ultramar” são reconsiderados; os portugueses voltam a introduzir as armas de fogo no Japão.